sexta-feira, 7 de julho de 2017

IRMÃ ELAINE MACINESS - CONTEMPLAÇÃO ZEN PARA CRISTÃOS



No escuro, o Budismo se sente em casa. O Zen fala dos seus místicos como sendo cegos porque não enxergam nada, gosto de soletrar: n-a-d-a. É claro que é um nada cheio do todo! O cristianismo é uma religião da luz e da alegria: "Vos sois a luz do mundo"(Mateus. 5: 13-14). “Tenho lhes dito estas palavras para que a minha alegria esteja em vocês e a alegria de vocês seja completa” (João 15:11). O cristianismo é conhecido como a religião do amor, o que é muito interessante. Ainda assim, no presente momento o número de adeptos parece estar diminuindo a cada dia. O que está acontecendo, por quê? Às vezes me pergunto: "qual o meu lugar dentro da minha própria religião?" Respondo com a enigmática resposta oriental: "não sei". E isso não é ausência de conhecimento. No oriente, descobri que não precisamos saber de tudo. Na verdade, existem coisas que não devem ser conhecidas ou compreendidas. Isso não significa que não podemos aceitá-las.



Contemplação Zen para Cristãos: a ponte da água viva

Irmã Elaine Maciness, é uma freira Católica Zen Budista, nascida em 1924 no Canadá, estudou Música, e em 1961 viajou para o Japão com as "Missionárias de Nossa Senhora", onde começou estudar o Zen Budismo. Foi aluna de Yasutani Roshi, de quem recebeu a transmissão do Dharma em 1980.


sábado, 1 de julho de 2017

PE. BERNARD DUREL OP - O ZEN E CRISTO




O que são os ensinamento Zen? 

O mestre desestabiliza o discípulo para tirá-lo da prisão da mente. Esse método é chamado de "puxar o tapete". O próprio Jesus o praticou muitas vezes... por exemplo, quando os fariseus faziam-lhe perguntas, ele respondia: "espere um pouco, vou te fazer outra, se você responder, eu respondo a sua!". Por muito tempo este ensinamento me pareceu infantil, mas isto faz com que a pessoa caia no chão e tenha contato com a realidade... este é o terreno em que se deve se assentar. 

Agora, você diz: "sou um cristão que conheceu Buda" ...

Finalmente, foi através do pe. Oshida - minha inspiração - que dizia o seguinte: "Eu sou um budista que conheceu Cristo". Desde a infância até a idade adulta, ele foi um budista devoto, e aos quarenta anos conheceu Cristo. Mais tarde, ele pediu para ser batizado, e se tornou um sacerdote católico dominicano, mas até o fim da sua vida, dizia: "Eu sou um budista que conheceu Cristo". Ele não disse: "Fui budista e agora sou cristão". Eu poderia manter uma fala semelhante: "Eu sou um cristão que conheceu Buda". Mas digo, "Buda cruzou o meu caminho". Fui para o Japão em 1990, e tive esta pequena imersão nos ensinamentos de Buda. Atento-me a figura de Buda. Seus ensinamentos me despertou para alguns aspectos da minha fé cristã.

O encontro com o Buda permitiu que você enxergasse Cristo com novos olhos? 

Sim, com certeza, mas eu diria que só por um ângulo. Basicamente, Sidarta Gautama tornou-se Buda, foi um homem que conheceu a experiência da iluminação, entendeu que o despertar era possível a todos: "o caminho é aberto a todos". Com Cristo, os profetas, o Velho e o Novo Testamento, estamos lidando com uma revelação localizada no tempo e no espaço, para o qual desempenha as palavras de São Paulo no início da Carta aos Corintios. Hoje vejo melhor e com originalidade o poder desta afirmação.

"aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos, com todos os que em todo o lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso."


trecho de entrevista intitulada: "Entre a almofada e o altar".

Pe. Bernard Durel, é um padre francês da Ordem dos Dominicanos do Convento de Estrasburgo. Foi aluno de Karlfried Dürckheim e Pe. Oshida, também manteve relações com pe. Hugo Lassalle Roshi e Willigis Jäger.