sábado, 28 de abril de 2018

DIÁLOGO EM HARMONIA


Anselm Grun, S.S.Dalai Lama e Bernie Glassman Roshi, O Dharma em diálogo com harmonia

ANSELM GRUN OSB - INTER-MÍSTICA



Todas as religiões do mundo têm sua mística: o budismo, o hinduísmo, o islã, o judaísmo e o cristianismo. Assim sendo, podemos estender a prática da mística cristã a experiências de outras religiões que sempre se assemelham, ainda que ocorram diferenças de interpretação. No diálogo com outras religiões, devemos compreender essas diferenças. As experiências nos ligam uns aos outros e, no intercâmbio, é importante que nos comportemos com abertura e honestidade. Entre as interpretações religiosas sempre haverá divergências, e não há como condicioná-las a uma interpretação única, pois não há experiência de fé que não esteja vinculada a uma linguagem especifica. Podemos, portanto, através da experiência dos mistérios de Deus deixar de lado as diversas interpretações, bem como nossa limitada interpretação pessoal.

[...]

O foco das místicas não cristãs é produtivo também para os cristãos. Ao observarmos sem preconceitos as práticas de outros credos, somos impelidos a aprofundar o conhecimento de nossa própria experiência divina. E muito estreita a visão que observa incompatibilidade entre a mística, como caminho de salvação pessoal, e a filosofia cristã.

[...]

Os monges budistas amam o Evangelho de João, pois nele descobrem a dimensão mística para seu próprio credo. Certamente, interpretam-na de modo diferente de nós, cristãos, mas seu amor por este Evangelho mostra que João falou, em seu texto, do anseio do homem pela iluminação, pela transformação e pela unidade com Deus.

págs, 25-34 do livro, Mística: descobrir o espaço interior.


Anselm Grün, faz parte da Ordem de São Bento. Nasceu em 14 de janeiro de 1945 em Junkershausen, Alemanha. Está sob a administração da Abadia de Münsterschwarzach. Procurado como palestrante e conselheiro na Alemanha e nos estrangeiro, tornou-se ícone da espiritualidade e mestre  em nossos dias. São mais de 100 livros traduzidos no Brasil, sendo 90 lançados pela Editora Vozes. Também ministra cursos e palestras, e faz aconselhamento espiritual.

sexta-feira, 27 de abril de 2018

ANSELM GRUN OSB - A PERGUNTA A RESPEITO DA LIBERDADE



A segunda pergunta se refere à liberdade do homem. A humanidade anseia por ela e, ao mesmo tempo, teme-a. Deus é sempre o Deus que nos liberta. Quem vivencia Deus, experimenta a liberdade, torna-se livre da dependência, do julgamento e das expectativas dos outros. 

Para os primeiros cristãos, esta foi uma experiência essencial."Foi para a liberdade que Cristo nos libertou".(GI 5,1) - assim Paulo descreveu a constatação fundamental que obteve em seu encontro com Jesus Cristo. Mas esta liberdade interior dos místicos não significa que eles não observam regras. Muitos místicos e místicas vivem em comunidades. Eles seguem o caminho da liberdade interior, porém submetem-se às normas de sua respectiva comunidade, não precisam defender sua liberdade implacavelmente, desconsiderado as regras. Na verdade, eles vivem internamente livres de pensamentos e sentimentos, não perdem essa liberdade por estarem no claustro de uma comunidade monástica. Nos escritos de Teresa D´Ávila, por exemplo, percebi indícios dessa liberdade interior. Ela  escreveu sobre o que pensou e sentiu, confiou em seu próprio coração, não sentiu necessidade de comprovar seus pensamentos ou justificá-los por meio de argumentos teológicos, e teve a coragem de, sendo mulher, manifestar sua opinião quanto aos homens que, na época, comandavam a igreja e depreciavam as mulheres. Teve que conviver com a Inquisição, mas esta não pôde impedi-la de trazer à baila aquilo que sentia e considerava importante. Entretanto, ela não viveu uma liberdade no sentido absoluto; não se rebelou contra tudo, pelo contrário, viveu sua liberdade num contexto plenamente regular. Aquele que diz que sua liberdade só será autentica caso se revolte contra tudo e todos não percebe o quanto aprisionado ainda está. São Bento afirmou que o monge deve fazer apenas "o que dita o regulamento do claustro e seguir o exemplo dos mais velhos". E isto não é nenhum sinal de subserviência, e sim de liberdade. A experiencia mistica conduz a uma liberdade interior, que por nada pode ser desfeita, nem por normas nem pela estreiteza mental das pessoas obtusas.

Jesus nos mostra um caminho análogo: "Quando tiverdes feito tudo que vos foi mandado, dizei:' Somos escravos inúteis. Fazemos apenas o que tínhamos de fazer (LC 17.10). A verdadeira liberdade consiste em fazer o que nos cabe fazer no momento, o que pesa sobre nós mesmos e sobre o próximo. Não devemos nos sentir especiais, mas apenas fazer o que está na pauta, agir de acordo com o momento. Este ensinamento de Jesus também é encontrado em citações da tradição do Zen Budismo: apenas fazer o que é necessário no moimento e não se colocar acima de tudo. O mesmo podemos dizer em relação à sabedoria chinesa: o Tao - dizem os chineses - é o costumeiro; que, se entrega ao costumeiro sem tentar fazer-se importante ou colocar-se acima dos outros, este é verdadeiramente livre.

pág:18-21. do livro, Mística: descobrir o espaço interior.



Anselm Grün, faz parte da Ordem de São Bento. Nasceu em 14 de janeiro de 1945 em Junkershausen, Alemanha. Está sob a administração da Abadia de Münsterschwarzach. Procurado como palestrante e conselheiro na Alemanha e nos estrangeiro, tornou-se ícone da espiritualidade e mestre  em nossos dias. São mais de 100 livros traduzidos no Brasil, sendo 90 lançados pela Editora Vozes. Também ministra cursos e palestras, e faz aconselhamento espiritual.

domingo, 22 de abril de 2018

FR. BENTO DOMINGUES OP - JESUS E BUDA

                          
 
Encontramos cada vez mais pessoas sensíveis às duas tradições espirituais. Há budistas convertidos ao cristianismo que conservam uma ligação profunda à religião da sua infância e cristãos que se tomaram budistas e regressam ao cristianismo

1.Há mais de meio século, Romano Guardini, um pensador católico de grande prestígio, dizia que Buda é o último gênio religioso da humanidade com o qual o cristianismo teria de se explicar. Entretanto, no Ocidente, as comunidades budistas e as publicações sobre o budismo multiplicaram-se. Os encontros entre budismo e cristianismo tomaram-se frequentes. As figuras de Jesus e Buda começaram a aparecer juntas em várias obras. Já, aqui, apresentei, o sugestivo e pertinente ensaio de Odon Vallet (1).Não se trata, apenas, de uma multiplicação de diálogos intelectuais ou de imagens de Budas com Cristo no coração ou de Budas ao pé da cruz, nem de budistas a meditar os Evangelhos e de cristãos aplicados a descobrir o método e as técnicas de meditação dos monges budistas (2). Para Arnold Toynbee, o grande historiador das civilizações, o encontro destas duas heranças, tão próximas e tão longínquas, representou "o acontecimento mais significativo do século XX".
A revista Le Monde des Religions (n.º 18, 2006) acaba de chamar a atenção, de forma circunstanciada, para um fenómeno bastante mais complexo - o dos chamados "cristãos budistas". Há quem veja nesse caminho uma reprovável tendência sincretista ao serviço da expansão do budismo para o Ocidente.
Para evitar equívocos, importa não esquecer que tanto o budismo como o cristianismo vivem e exprimem-se através de experiências, escolas e tradições plurais. É preciso perguntar, em cada caso, que budismo e que bristianismo estão em diálogo. O que para uns pode parecer uma traição ou um oportunismo, para outros é uma exigência de fidelidade a dimensões a que não querem renunciar.
2. Frédéric Lenoir, no editorial do dossier sobre os "cristãos budistas", ao referir-se à personalidade do Dalai Lama e ao seu discurso sobre tolerância, não-violência e compaixão - que tanta ressonância tem no Ocidente - sublinha a ausência de proselitismo que, por outro lado, é uma nota constante das religiões monoteístas. É conhecida a fórmula do monge tibetano: "Não vos convertais, ficai na vossa religião." Mas não falta quem veja nesse desprendimento uma táctica eficaz para atrair ocidentais cansados de manipulação.
F. Lenoir conta uma história testemunhada por ele na Índia, em Dharamsala, quando foi entrevistar o Dalai Lama, que prova o contrário e talvez exprima bem as estrofes de uma oração muito citada por este autêntico Bodhisattva da Compaixão: "Tanto quanto dure o espaço / e tanto quanto os seres permaneçam, / possa também eu permanecer / e dissipar o sofrimento dos seres."
Essa história não é longa. No dia anterior à sua entrevista, encontrou, no hotel, um budista inglês, Peter e o seu filho Jack de 11 anos. Alguns meses antes, tinha morrido a esposa de Peter, depois de uma longa doença e de muito sofrimento. Peter tinha pedido ao Dalai Lama um encontro de cinco minutos, o tempo de uma bênção.
Depois da entrevista do jornalista, seguiu-se a de Peter e Jack. Não foram cinco minutos. Foram duas horas. Peter contou-me o que lhes tinha acontecido:
"Comecei por falar, banhado em lágrimas, da morte da minha esposa. O Dalai Lama abraçou-nos. Perguntou-me, depois, qual era a minha religião. Contei-lhe as minhas origens judaicas e a deportação da minha família para Auschwitz que tinha recalcado. Esta ferida profunda abriu-se e fiquei submergido pela emoção. Dalai Lama abraçou-me novamente. Senti as suas lágrimas de compaixão: ele chorava comigo e tanto como eu. Falei-lhe, depois, do meu itinerário espiritual: a minha falta de interesse pela religião judaica, a minha descoberta de Jesus através da leitura dos Evangelhos, a minha conversão ao cristianismo, que, há vinte anos, foi a grande luz da minha vida. Veio, depois, a decepção, ao não encontrar a força da mensagem de Jesus na Igreja Anglicana, o meu afastamento progressivo, a minha necessidade profunda de uma espiritualidade que me ajudasse a viver e a descoberta do budismo, que pratico, desde há vários anos, na sua versão tibetana. Quando acabei, o Dalai Lama ficou silencioso. Depois, voltou-se para o seu secretário e falou-lhe em tibetano. Este último voltou com um ícone de Jesus. Fiquei estupefacto. O Dalai Lama entregou-mo com estas palavras: "Buda é a minha via, Jesus é a tua." Era a terceira vez que me vinham as lágrimas. Reencontrei, de repente, todo o amor que tinha por Jesus no momento da minha conversão, vinte anos antes. Compreendi que tinha continuado cristão. Procurava no budismo um suporte de meditação, mas no fundo, nada mexia tanto comigo como a pessoa de Jesus. Em menos de duas horas, o Dalai Lama reconciliou-me comigo mesmo e curou-me feridas profundas. Ao partir, prometeu a Jack que o iria encontrar todas as vezes que fosse a Inglaterra."
F. Lenoir escreve que nunca mais poderá esquecer o rosto transformado deste pai e do seu filho. A compaixão do Dalai Lama não era uma palavra vã e nada tinha a invejar à dos santos cristãos.
3. Como ele já tinha mostrado em 1994, a cristãos e budistas, num seminário sobre os Evangelhos, a atitude do Dalai Lama é um sinal claro de que não pretende fazer proselitismo nem alimentar confusões.
Encontramos cada vez mais pessoas sensíveis às duas tradições espirituais. Há budistas convertidos ao cristianismo que conservam uma ligação profunda à religião da sua infância e cristãos que se tomaram budistas e regressam ao cristianismo, conservando a meditação budista e também budistas que rezam a Jesus. Referimo-nos, aqui, ao budismo tibetano apresentado pelo Dalai Lama na obra citada. Não se trata, pois, de um fenómeno de exclusão mútua. Seja como for, é preciso vencer a grande tentação de comparar o melhor de uma tradição ao pior da outra ou anular as suas profundas diferenças.
Deixo a pergunta: a suprema "iluminação", como dom do Céu, e a suprema "iluminação", como movimento ascendente da Terra, serão contraditórias? 

(1) Odon Vallet, Jesus e Buda. Destinos cruzados, Lisboa, Piaget, (2) Sua Santidade o Dalai Lama, A bondade do coração. Uma perspectiva budista sobre os ensinamentos de Jesus, Lisboa, ASA, 1997. 


Frei Bento Domingues OP, seu nome  de batismo é Basílio de Jesus Gonçalves Domingues (nascido a 13 de agosto de 1934, em Travassos, Vilar, Terras de Bouro), é um religioso da Ordem dos Pregadores (Ordem dos Dominicanos), considerado um dos maiores teólogos portugueses. Nasceu numa família de pequenos agricultores com sete filhos. Um irmão três anos mais velho, Domingos, entrou para os Dominicanos com o nome de Frei Bernardo. Seguindo as pisadas do seu irmão mais velho, entrou para a escola apostólica dos Dominicanos de Aldeia Nova, perto de Fátima, em 1953, com 19 anos de idade. Ingressou depois na Ordem dos Dominicanos, tomando o nome de Bento. Estudou Filosofia e Teologia primeiro em Fátima, depois em Salamanca, Roma e Toulouse.

BUDISMO E CRISTIANISMO EM DIÁLOGO


segunda-feira, 9 de abril de 2018

TENZIN PALMO E SUA LIGAÇÃO COM A TRADIÇÃO CONTEMPLATIVA CRISTÃ


"Senti uma ligação muito forte com Assis. Até hoje é o único lugar de que sinto falta, incluindo minha caverna. Existe uma qualidade especial, inefável, palpável, apesar dos milhões de turistas que afluem todos os anos. Não é um lugar comum. É o centro para a paz mundial e ainda há várias conferências inter-crenças. E muitas pessoas relataram ter experiências espirituais intensas e transformadoras lá", disse ela.

Tenzin Palmo mudou-se para o térreo de uma casa pertencente a um amigo de Ram e começou a redescobrir suas raízes ocidentais cm deleite. Vagava pelas encantadoras ruas estreitas da cidade, muitas vezes à noite e sozinha, sentindo-se bastante segura. Visitou a famosa basílica que abriga a tumba de São Francisco, maravilhando-se com os afrescos requintados, especialmente os de Giotto. E subiu a montanha, curiosa para ver uma outra caverna, aquela habitada por São Francisco, que rezou a Deus com tanto fervor para deixá-la conhecer o sofrimento de Jesus que não só os estigmas apareceram em suas mãos e pés, como pregos de verdade também se manifestaram, Ao longo dos cinco anos que viveu em Assis, Tenzin Palmo desenvolveu uma forte devoção a São Francisco e passava horas meditando na caverna dele quando não havia turistas em redor.

"Era uma caverna muito diferente da minha porque tem uma igreja construída em cima dela. Mas era ótima! Ainda existem pombos na árvore do lado de fora, descendentes dos que São Francisco comprou de um vendedor e deixou lá para se multiplicarem. Amei as histórias dele com animais. Você sabe que ele tinha uma cigarra e eles cantavam um para o outro? Ele foi um santo muito ativo", ela disse.

Certa vez Tenzin Palmo revelou sentir que havia sido um monge cristão em uma de suas muitas vidas. "O sentimento quando entrou em claustros é muito forte. É quase um deja vu. E sempre tive afinidade com as ordens de clausura. Acho que provavelmente decidi ir para o Oriente quando a tradição cristã parou de evoluir. Faria sentido", ela comentou.

[...]

Tenzin Palmo mergulhou em biografias e obras dos santos e filósofos cristãos: Santa Teresa de Ávila, São João da Cruz, Tomás de Aquino, os padres do deserto, Thomas Merton, a Filocália, as escrituras da igreja ortodoxa e muito mais. Enquanto lia, sua apreciação pela religião que outrora havia rejeitado cresceu e, com isso, veio um novo entendimento e orgulho de sua identidade ocidental.

[...]

Conscientemente ou não, Tenzin Palmo estava balanceando Oriente e Ocidente, ascetismo e sensualidade, solidão e sociabilidade - proporcionando a si mesma uma personalidade mais equilibrada. Nesse sentido, estava seguindo exatamente o conselho dado por um dos seus mentores cristãos recém-encontrados, Mestre Eckhart, o grande místico alemão do século XIII, que havia escrito: "Digo que a pessoa contemplativa deve evitar até mesmo o pensamento de ações e serem feitas durante o período de contemplação, mas depois deve ocupar-se pois ninguém pode ou deve envolver-se em contemplação o tempo todo porque a vida ativa deve ser uma pausa na contemplação."

Naquela época, um outro aspecto da vida de Tenzin Palmo começou a se abrir - um que se desenvolveria muito mais no futuro. Os cristãos logo souberam de sua presença em Assis e ficaram muitíssimo interessados em ver e ouvir por si mesmos a mulher que passara tanto tempo em retiro sozinha. O esforço de Tenzin Palmo ia além de tudo que as ordens deles já haviam tentado. Ela foi convidada a falar que em seminários e, em certa ocasião recebeu um convite em relevo nada menos que do Conselho do Vaticano pedindo-lhe para falar em uma conferência intercrenças em Taiwan. Também foi convidada a conduzir workshops em seminários e conventos para contar às ordens de clausura exatamente o que ela tinha feito e como tinha feito. Tenzin Palmo aceitava com alegria pois agora estava bem receptiva ao diálogo intercrenças e disposta a oferecer todo o seu conhecimento em troca de métodos cristãos de contemplação. Mas a coisa não funcionou assim de forma alguma.

"Em um mosteiro beneditino, fui informada de que a missa era às 5 da manhã, então pensei em participar. No entanto, quando cheguei à capela, havia apenas uma ou duas pessoas lá dentro: Perguntei onde estava todo mundo e me disseram que estavam na salinha reservada para meu curso de meditação. Quando cheguei lá, deparei com todos os sapatos alinhados com capricho do lado de fora e todos os reclusos sentados lá dentro, no chão, de pernas cruzadas. Tinham montado um altar com uma estátua do Buda, flores e tigelas de água e perguntaram se estava tudo bem." Está adorável, obrigada", eu disse.

"Eles estavam interessados em aprender sobre budismo. Haviam estudando, tinham conhecido o Dalai Lama e estavam ansiosos para saber mais. Eu queria incentivar a meditação cristã, mas eles não sabiam nada a respeito. Disseram que havia pouquíssimos mestres da vida interior no catolicismo e por isso os jovens estavam se afastando. Contaram que os jovens pediam formas de obter paz interior e um caminho espiritual que desse significado a suas vidas. As freiras e monges sentiam que, se conseguissem dar um jeito em si mesmos, poderiam se tornar guias para dar aos jovens o que eles precisavam."

Queriam métodos pois tinham perdido os deles. Queriam orientações: o que fazer, o que não fazer, descrições dos problemas que podem surgir na meditação e como lidar com eles. Os métodos tibetanos são excelentes porque não exigem qualquer estrutura de fé particular. Qualquer um pode fazer uso deles - inclusive psicólogos. Então falei o que fazer, e eles ficaram lá sentados, balançando as cabeças. Depois, uma freira carmelita idosa disse:"Quem dera alguém tivesse me dito como meditar anos atrás. É tão simples."


pág.216-222 do livro: "A caverna na neve: a jornada de Tenzin Palmo rumo à iluminação", escrito por Vicki Mackenzie.


Jetsunma Tenzin Palmo, nasceu em Hertfordshire em 30 de junho de 1943, é uma bhikṣuṇī, monja consagrada da escola de Kagyu do budismo tibetano. É autora, professora e fundadora do Convento Dongyu Gatsal Ling em Himachal Pradesh, na Índia. Ela é mais conhecida por ser uma das poucas yoginis ocidentais treinadas no Oriente, após ter passado 12 anos vivendo em uma caverna nos Himalaias, sendo 3 deles em estrito retiro de meditação.